sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Pressionada, CEO da Anglo American Cynthia Carroll pede demissão


LONDRES, 26 Out (Reuters) - A presidente-executiva da Anglo American Cynthia Carroll pediu demissão após mais de cinco anos no cargo, pressionada por investidores por conta do preço das ações e da contínua dependência na conturbada África do Sul.
Geóloga por formação, Carroll, nascida em Nova Jersey, gerou temores quando, vinda da indústria do alumínio, se tornou a primeira mulher, a primeira pessoa não-sul-africana e a primeira pessoa de outro ramo a ocupar o cargo na Anglo, em 2007.
Deixando de lado sugestões de que ela tenha sido empurrada para sair, Carroll e o presidente do conselho John Parker, seu apoiador de longa data, disseram nesta sexta-feira que houve "diferenças de opinião" com os acionistas, mas que a decisão de renunciar era dela própria, uma vez que Carroll se aproximava de um sétimo ano em um "papel muito duro e exigente".
Os esforços da executiva para modernizar a mineradora com raízes coloniais, que se tornou um conglomerado em expansão, sua campanha para cortar bilhões de dólares em custos e seus esforços para deslocar o centro de gravidade da Anglo para longe da África do Sul ganhou apoio entre os investidores. Uma campanha para melhorar os laços com o governo da África do Sul também recebeu aplausos.
Sua relação com investidores, no entanto, se tornou mais conturbada após as grandes aquisições como do projeto de minério de ferro Minas-Rio no Brasil --em tentativa precoce de diversificar o portfólio da Anglo-- que ficou atolada em excesso de custos e atrasos.
A Anglo ainda precisa divulgar o custo final para o projeto que comprou em um acordo de 5,5 bilhões de dólares no pico do ciclo de commodities, mas analistas dizem que o gasto pode chegar a 8 bilhões de dólares, ante as atuais estimativas de 5,8 bilhões de dólares, que já é o dobro das estimativas iniciais.
"A pressão institucional formou-se há algum tempo para substituir Cynthia, por isso as notícias são bem-vindas", disse um dos 15 maiores acionistas da Anglo.
"No final, administrar a Anglo é um dos empregos mais difíceis atualmente e, embora Cynthia tenha tido um bom início como CEO, o sentimento é que a companhia voltou atrás nos últimos dois ou três anos".
Outros investidores também ressaltam este desempenho oscilante.
"Suas mudanças estratégicas nem sempre atingiram o alvo. A aquisição de Minas-Rio, imediatamente levou a um corte do dividendo, foi um ponto de baixa em particular", disse um outro dos 15 principais investidores. A Anglo também cortou o dividendo de 2008 para preservar o caixa.
Apesar dos cortes de custo, de acordo com analistas da Macquarie, sob a administração de Cynthia a Anglo perdeu um terço de seu valor de mercado em dólar e vale agora menos de 25 bilhões de dólares. Outras grandes mineradoras valem ao menos o mesmo que valiam no começo de 2007.
Até o momento, a companhia está cerca de 20 por cento atrás se comparada às demais do setor. As ações da companhia operavam em alta depois do anúncio da saída da presidente, enquanto o setor de mineração no Reino Unido tinha leve queda..
O conselho da empresa disse que não teria pressa para apontar um sucessor para Carroll e que ela ficará na posição até que exista um substituto, o que pode demorar meses.
(Reportagem de Clara Ferreira-Marques e reportagem adicional de Sinead Cruise, Kate Holton e Brenton Cordeiro)

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